domingo, 23 de dezembro de 2007

O escudo islamizado do Barcelona

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Observe os três escudos acima. Observe-os com atenção. Notou alguma diferença?


Não, não é um jogo dos sete erros. É o jogo da diferença.


Da diferença de entendimentos. Da diferença de compreensões.


Da dificuldade em se entender as diferenças.


Quando da partida entre Fenerbahçe e Internazionale, o advogado turco Baris Kaska enviou à UEFA um protesto oficial contra o uniforme do time italiano (camisa branca com uma cruz vermelha atravessando toda a camiseta), por “manifestar de forma explícita a superioridade racista de uma religião”. Seguno Kaska, a cruz é a mesma utilizada pelos cavaleiros da Ordem dos Templários, fundada pouco depois da conquista de Jerusalém na primeira cruzada: “esta cruz me fez lembrar de dias sangrentos do passado: a Inter ofendeu o Islã”.


Mal sabe ele, do alto de seu próprio preconceito, que a cruz interista é um símbolo de Milão: a Cruz de Santo Ambrósio, patrono da cidade italiana.


Pois o Barcelona, segundo o jornal espanhol La Vanguardia passou pelo mesmo apuro nas camisas que colocou à venda em lojas de esporte da Arábia Saudita e da Argélia e por isso, alterou seu escudo (ver escudo "2"), retirando um dos braços da Cruz de São Jorge, ou Saint Jordí, em catalão, santo padroeiro da cidade, que existe do lado esquerdo do tradicionalíssimo distintivo (ver escudo "3").


A diretoria barcelonista ainda não admitiu a alteração, já que de 1939 a 1974, durante a ditadura de Franco, o Barcelona mudou seu escudo (ver escudo "1"), reduzindo, por obrigação de leis nacionalistas, a bandeira catalã situada na parte superior direita a simples traços vermelhos e amarelos. O nome também mudou de "Clube de Futebol Barcelona" para "Futebol Clube Barcelona", sonoramente mais “espanhol”.


Isso, evidentemente, traz terríveis lembranças aos torcedores e ao povo catalão, pois representou a derrota da liberdade e a vitória da força.


Se de fato a alteração do escudo nas camisas para o mercado islâmico se confirmar, será, mais uma vez, a vitória da idiotice e do preconceito.



2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo, Bindi. Sou ateu, embora respeite qualquer outra religião. Pois é isso que eu acho que falta: respeito. Religião sempre é tratada como assunto sagrado, e a 'fé' vem acima de tudo. Os religiosos não aceitam contestações, são sempre imparciais. O Deus deles está acima de tudo. Os que não acreditam nele, que se dane. São hereges e ponto final. Quando poderemos ver fá e razão caminhando lado a lado? Por enquanto não, infelizmente.

Alexandre Giesbrecht disse...

Que tema legal para o texto. Quero saber como vai se desenrolar essa história.