sábado, 23 de junho de 2007

Copa América - Bandeiras

ARGENTINA
A tradicional bandeira argentina foi criada pelo general Manuel Belgrano, um dos artífices da independência do país. Há duas correntes que explicam o porquê das cores: uma delas diz que Belgrano escolheu o azul-celeste e o branco por eles serem as cores da infantaria dos criollos (casta latino-americana da América Espanhola) que lutaram ao lado dos argentinos durante a Revolução de Maio, que tornou independentes Argentina e Uruguai; outra corrente afirma que as cores foram escolhidas da família real de Bourbon.

Já o sol no centro da bandeira é o Sol de Maio, que representa o deus inca do Sol, Inti. O sol, que tem dezesseis raios retos e dezesseis raios flamejantes e dentro do disco, um rosto humano. O "maio" refere-se á já citada Revolução de Maio, que marcou o início da independência do Vice-reinado do Rio da Prata (que veio a se dividir em Argentina e Uruguai).

* * * * * *

BOLÍVIA
Até 2005, as cores da bandeira boliviana representavam a bravura do soldado boliviano (vermelho), a riqueza mineral (amarelo) e a fertilidade da terra (verde). Em 2005, um decreto presidencial determinou que o vermelho é o sangue do povo, o amarelo são as belezas naturais e o verde representa a esperança em dias melhores. Mas a oposição política ao atual governo renega essa simbologia.

No centro, o brasão boliviano (ver abaixo em detalhes), com um escudo que tem a palavra BOLIVIA e nove estrelas douradas (que simbolizam os nove departamentos do país) na borda azul de um imagem típica do país, com o Monte Potosí ao fundo, uma lhama branca, uma árvore de fruta-pão e um pequeno barril de trigo. Ladeando o escudo, seis bandeiras do país, dois canhões e quatro rifles (que representam a luta do povo pela independência), uma lança inca, uma semi-coroa de louros, um condor andino e um barrete frígio, uma espécie de touca que virou um símbolo da luta pela liberdade, já que os revolucionários franceses de 1789 usavam esse tipo de barrete.




* * * * * *

BRASIL
Apesar de ter ficado famosa a explicação que o verde são as matas e o amarelo são as riquezas do país, as duas cores são originárias da família real dos Habsburgos (da Imperatriz Leopoldina) e dos Bragança (do Imperador Pedro I). Já o disco azul representa a esfera celeste do Rio de Janeiro no dia 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República brasileira e cada estrela é um dos estados do Brasil.

Há quem diga que a faixa branca representa a eclíptica (o equador celeste), mas na verdade ela é apenas um lugar para a inscrição do lema "Ordem e Progresso", que tem origem em textos positivistas do francês Auguste Comte e foi colocado na bandeira por orientação de Raimundo Teixeira Mendes, então um dos principais pilares do pensamento positivista no Brasil e idealizador da bandeira nacional.

* * * * * *

CHILE
Criada inicialmente por Juan Gregorio Las Heras, a bandeira chilena teve suas cores escolhidas por inspiração do poeta Alonso de Ercilla y Zúñiga, que em um de seus poemas citava o azul, o branco e o vermelho.

Depois de alguns meses, o atual desenho foi feito por Bernardo O´Higgins, então Ministro da Guerra chileno. O vermelho representa o sangue derramado pela independência do país, o branco são as neves eternas dos Andes, o azul é o céu do deserto de Atacama e a estrela serve como guia para o progresso e a honra chilenos.

* * * * * *

COLÔMBIA
Assim como as bandeiras de Equador e Venezuela, a bandeira colombiana foi criada por Francisco de Miranda, revolucionário venezuelano que lutou ao lado de Simón Bolívar pela independência dos três países e que chegou a ser presidente da Venezuela logo após o país se libertar da Espanha.

Miranda inspirou-se no pensamento goethiano (ele e Goethe foram amigos) chamado "As cores primárias", em que o amarelo é a cor nobre, mais próxima da cor da luz; o azul é um misto de excitação e serenidade e evoca os bons fluidos da natureza; o vermelho é a exaltação da vida. Com o tempo, as escolas colombianas começaram a ensinar que o vermelho é o sangue dos heróis da independência, o azul simboliza os oceanos que banham a Colômbia e o amarelo simboliza as riquezas minerais do país. Mas a verdade é aquela que inspirou Francisco de Miranda.

* * * * * *

EQUADOR
As cores são as mesmas propostas por Francisco de Miranda, como explicado na bandeira da Colômbia, mas foi oficialmente adotada apenas em 1900 pelo presidente Gabriel García Moreno que também estabeleceu a inserção do brasão equatoriano no centro da bandeira.

O brasão do Equador (ver detalhes abaixo) é oval, com um desenho interno que representa o vulcão Chimborazo de onde sai o rio Guayas, o mais importante do país. No rio, o navio Guayaquil, considerado o primeiro navio mercante construído em toda América do Sul, em 1840. Atrás do Sol, há um arco do zodíaco representando os meses de março, abril, maio e junho, que foram os meses durante os quais aconteceu a Revolução de 1845, que tirou o Equador da ditadura de Juan José Flores. Acima do escudo, um condor andino representa a grandeza e a força do povo equatoriano. Atrás das bandeiras, ramos de louro e oliva, representando a república. Abaixo dele, um feixe que simboliza a dignidade.


* * * * * *

MÉXICO
Depois de três bandeiras oficiais (além de outros galardões informais), a atual bandeira mexicana foi adotada como a oficial apenas em 1968. Na verdade, ela é um redesenho de uma já criada em 1918 durante o governo de Venustiano Carranza, mas cuja águia do brasão central olhava de frente, e não de lado como é atualmente.

As cores da bandeira mexicana vêm das cores do pavilhão do Ejercito de las Tres Garantías: na fase final da Guerra da Independência, as tropas espanholas e os insurgentes mexicanos, antes inimigos, fundiram-se num único grupo. A criação deste exército foi decidida pelo Plano de Igualá e seu nome deve-se às três garantias que deveria defender: a religião católica, a independência da Espanha e união entre facções independentistas. Não há versão oficial do significado das cores, mas elas originalmente significavam independência (verde), religião (branco) e união (vermelho). No governo de Benito Juárez, quando o México tornou-se laico, as cores passaram a significar respectivamente unidade, esperança e o sangue dos heróis do país.

Já o brasão da bandeira (desenhado por Francisco Eppens Helguera) é inspirado na lenda asteca que fala da fundação de Tenochtitlan, a capital dessa civilização. Segundo a lenda, os astecas vagavam pelo território que hoje é o México em busca de um local para se assentarem. O deus
Huitzilopochtli profetizou que onde houvesse uma águia ("quebrantahuesos", em espanhol) com uma cobra como presa e assentada sobre uma pedra emersa de um lago, lá seria o local de construção da cidade. Após dois séculos de peregrinação, o Texcoco (hoje quase extinto) surgiu como esse lago. Então, construíram Tenochtitlan, que acabou virando a Cidade do México, capital do país.

* * * * * *

PERU
Foi criada por José de San Martin e adotada em 1825. No início, a bandeira era dividida em quatro triângulos (dois vermelhos e dois brancos), mas com o tempo as faixas acabaram sendo verticais como é hoje em dia.

Há controvérsia quanto às cores, mas o próprio San Martin disse que as escolheu por lhe lembrar os parihuanas, espécie de flamingo alvirrubro comum no Peru. No entanto,historiadores dizem que ele pegou o vermelho da bandeira do Chile e o branco da bandeira da Argentina, pelo fato de que a maioria daqueles que lutaram pela independência peruana eram chilenos e argentinos.

* * * * * *

PARAGUAI
Única bandeira do mundo com frente-e-verso diferentes (a imensa maioria das bandeiras tem o verso idêntico à frente, enquanto outras são simplesmente "do avesso"), a bandeira paraguaia tem origem na cores usadas pelos que lutaram nas batalhas independentistas entre 1810-1840, que por sua vez se inspiraram na Revolução Francesa. Oficialmente, as cores têm a seguinte explicação: vermelho (patriotismo, coragem, heroísmo, igualdade e justiça), branco (pureza, firmeza, união e paz), azul (tranquilidade, amor, conhecimento, verdade e liberdade).

A frente da bandeira há um brasão azul com uma estrela dourada de cinco pontas ladeado por um ramo de oliva e um ramo de palma, além da inscrição
República del Paraguay. No verso da bandeira, figura um leão (o defensor da liberadade) que segura uma lança e um barrete frígio (ver Bolívia) encimados pelo lema Paz y Justicia.


verso da bandeira do Paraguai






* * * * * *


ESTADOS UNIDOS

Composta de 13 listras vermelhas e brancas (representando as colônias originais estadunidenses pré-independência) e 50 estrelas brancas sobre um fundo azul (representando cada um dos estados do país). As cores foram escolhidas por representar pureza e inocência (o branco), força e valor (o vermelho) e vigilância e perseverança (o azul). É incerto quem criou a bandeira, mas a versão mais aceita diz que o autor é George Washington e a primeira costureira da bandeira foi a quaker Betsy Ross.

* * * * * *

URUGUAI
Apesar do Sol de Maio também aparecer na bandeira argentina, o Sol da bandeira uruguaia tem oito raios retos e oito flamejantes. As nove listras azuis e brancas representam as nove províncias originais do país e o Sol tem a mesma simbologia da Argentina.

Não é sabido ao certo porque o sol uruguaio tem menos raios que o original, mas assim ele foi desenhado desde que Fructuoso Rivera o concebeu, dez anos depois dos argentinos. Outra diferença é que o Sol uruguaio está sorridente e o argentino, não.


* * * * * *

VENEZUELA
Desde 2006, a bandeira venezuelana (cujas cores são as mesmas inspiradas por Francisco de Miranda nas bandeiras colombiana e equatoriana) possui 8 estrelas, sendo que até então ela possuía apenas sete, que representavam as sete províncias do país quando de sua independência, em 1811. A oitava estrela foi inserida por ordem do presidente Hugo Chávez, em homenagem a Simón Bolivar.

Já o brasão de armas (no canto esquerdo e abaixo, em detalhes), tem um quarto vermelho com um feixe de milho com tantas espigas quanto estados existem na Venezuela e um quarto amarelo com uma espada, una lança, um arco e uma flecha dentro de um estojo, um machete e duas bandeiras nacionais entrelaçadas por una corona de louros. Um terceiro quarto é azul, com um corcel branco que até 2006 estava virado para a direita e olhando para a esquerda. A pedido da filha do presidente, Rosinés, de oito anos, o cavalo foi virado totalmente para a esquerda. Acima desse escudo há duas cornucópias com as riquezas do país (entre elas, rosas, cacau, milho, abacate, bananas e abacaxi), ladeado por um ramo de palmas e um de café.

Além deles, há também uma faixa com as cores do país com as inscrições “19 de Abril de 1810", "Independencia", "20 de Febrero de 1859", "Federación" e "República Bolivariana de Venezuela".

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Riquelme

Naturalmente, o futebol tem um aspecto bélico: são pessoas lutando contra pessoas, um tentando conspurcar a meta do outro. Lembra muito o xadrez, o gamão. Jogos de origem guerreira. Com futebol, as pessoas brigam jogando videogame, botão e pinobol.

O futebol é estratégico, como a guerra. Há táticas, flancos, plantéis, soldados. Há matar e morrer (nem sempre e miseravelmente nem sempre de modo figurado). Há generais, coronéis e até cavalos.

Mas quando leva-se todas essas analogias muito a sério, elas nos cegam do essencial do futebol: o talento. O improviso. A bola de meia. As pernas tortas.

Felizmente, tenho idade para ter visto Zidane, Zico, Kaká, Alex. E tenho idade para ver Riquelme.

E contra gênios como esses, não tem garra, não tem imortalidade, não tem briga, não tem guerra.

Não tem tática nem matemática.

O talento ainda ganha títulos.

domingo, 17 de junho de 2007

Zamalek (Egito) - نادي الزمالك

Na edição de julho, a excelente revista Trivela fala sobre a rivalidade entre os dois principasis times do Cairo, capital do Egito: Ah-Ahly (cujo nome significa "O Nacional") e o Zamalek, segundo maior campeão egípcio, com 11 títulos.

Fui buscar o que significa afinal a palavra "zamalek". O time, que nasceu como Kasr El-Nil ("Palácio do Nilo") em 1911, mudou seu nome para Al-Mokhtalat ("O Clube Misto", por ser um time administrado em conjunto por egípcios e estrangeiros) em 1913.

Como Mokhtalat, o time venceu o Al-Ahly por 6 a 0 pela Copa do Egito de 1943, sob a assistência do Rei Farouk. Fascinado com o jogo, ele pede que seu nome seja colocado (que significa "aquele que discerne a verdade da mentira) no time. E o time passa a ser "Farouk".

Após a Revolução Republicana de 1952, o time passa a se chamar "Zamalek", um bairro na cidade de Gizé, na área metropolitana da capital egípcia, que fica na Ilha de Gezira, que liga a velha Cairo à moderna Cairo (veja foto abaixo).

Zamalek deriva da palavra curda
"zomlok", que significa "casa de sapê", pois a região surgiu da favela de Imbaba, onde a maioria das residências era feita de sapê, que é um material feito com caules secos de capim-sapê (Andropogon bicornis), tradicionalmente usada no campo como material para cobrir as armações de madeira da cobertura de pequenas habitações.

foto: Jimmy Dunn

terça-feira, 12 de junho de 2007

SeleNão

Pegando carona no ótimo texto do Maurício Vargas...

Considero-me um cara patriota. Me emociono quando toca o Hino Nacional, mesmo quando toca pela enésima vez, vindo dos alto-falantes carcomidos de uma Brasília 75 no interior de SP, por imposição da lei. Detesto quando amigos meus estrangeiros falam mal do Brasil, me revolto profundamente com frases do tipo "só no Brasil, mesmo". Adoro meu país, odeio político que fala que moro "Nestepaís": é Brasil, pô!


Amo o Brasil. Não pelo que ele é. Mas apesar do que ele é.

Detesto patriotada. Me enoja ufanismo. Acho humilhante copiar Estados Unidos, Venezuela, Gâmbia ou Xangri-lá. Detesto ditaduras, sejam militares, civis, de direita, de esquerda.

Adoro a democracia, o poder ser feliz, o dever de reclamar, o direito de escolher.

Mas a Seleção representa para mim um estágio abaixo dos times que eu torço. Seleção, para mim, é durante a Copa. Entre-copas, é mais uma diversão. Mas deve ser levada a sério. Deve ser tratada como o que ela é: um patrimônio do povo. Que pertence ao povo. Seleção Brasileira não tem dono.

Como tal, deve ser democrática como o futebol, ao meu ver. Joga quem quiser. Se a pessoa não está a fim, não joga. Quer férias? È absoluto e sagrado direito. Precisa aceitar o que os seus chefes determinam (sejam o Real Madrid, o Arsenal, o Flamengo ou o Hepacaré de Lorena)? Aceite-se, depois joga. O cara tem medo de seqüestro, tem medo de bandido, tem medo de bala perdida, tem medo de bala achada, tem medo da Banda Calypso? Pode ir embora, é um direito. É democrático. É justo.

Agora, criticar jogador porque ele não quer jogar? Ora, Ronaldinho Gaúcho não foi um dos culpados pelo fracasso da Copa´06? Porque agora ele é um traidor da pátria só porque quer férias? Porque compará-lo a Riquelme, que quer jogar a Copa América?

Não conheço (conhecemos) Dunga como técnico. Mas sua postura como brasileiro está me irritando. Se tem algo que me irrita é esse papinho de ame-o ou deixe-o. O AI-5 morreu. Deixemos morto.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A.E. Velo Clube (Rio Claro, SP) - Memória Afetiva


Já diz Mestre PVC, nossa memória infantil afetiva do futebol é muito mais latente do que a própria realidade da época em que vivemos o fenômeno.

É o caso para mim em relação a alguns times que povoaram minha infância já fanática por futebol. Um desses time é o Velo Clube, de Rio Claro (interior de São Paulo).

Em 1979, o time rubro-verde disputou pela única vez o Campeonato Paulista da 1ª divisão. Fez uma campanha deplorável (com 5 vitórias em 38 jogos, sendo rebaixado). Mas lembro com clareza o dia em que o Palmeiras venceu o Velo por 2 a 0: eu tinha 6 anos e recordo dos meus pais comprando o almoço e eu ouvindo o jogo no rádio da Caravan marrom do meu pai. O goleiro velista se chamava Aranha...

Há 2 anos, soube que o querido Velo estava se licenciando por problemas financeiros. Seria triste não mais ver jogos no Benitão (abaixo) nem mais ouvir falar o simpático nome Velo Clube, vindo da origem ciclística do clube, fundado há quase 100 anos.

foto: Marcelo Valem (Templos do Futebol)

Mas agora em 2007, o Velo voltou e está muito bem colocado na 4ª divisão paulista, já praticamente classificado para a segunda fase. A genial turma dos Jogos Perdidos, que acompanhou a agonia rubro-verde, também nos trouxe uma foto do atual time do Velo (mais abaixo).

Longa vida à Associação Esportiva Velo Clube!

foto: Fernando Martinez (Jogos Perdidos)

domingo, 10 de junho de 2007

Napoli, finalmente A

Nascido em 1904 como Naples Foot-Ball & Cricket Club, já com as cores azul e branca (homeageando a Grécia), fundado pelo inglês William Poths e fora da Série A italiana desde a temporada 2001/02 e depois de uma crise terrível, que o fez ser falir e ser rebaixado para a Série C1 em 2004, o Napoli (considerado a quinta maior torcida da Itália) volta à primeira divisão depois de ser vice-campeão da Série B.

Como dito, o Napoli foi fundado por um inglês como um clube de futebol e críquete, mas dois anos depois, já mudou seu nome para Naples Foot-Ball Club. Em 1912, descontentes com a constante ausência dos jogadores ingleses (e conseqüente derrotas), jogadores italianos do Napoli saíram do time e fundaram a Unione Sportiva Internazionale Napoli (abaixo, foto do primeiro time), que chegou a disputar torneios contra o Napoli, vencendo em uma ocasião e perdendo em outra. Após a primeira guerra os dois times voltaram a se unir, desta vez sob o nome Foot-Ball Club Internazionale-Naples (chamado à época de FBC Internaples).


Após disputar 4 temporadas com relativo sucesso, mas sem títulos, o Internaples decidiu mudar novamente de nome. Foi criada a Associazione Calcio Napoli, que fez várias campanhas ruins (em uma delas, fez apenas um ponto em 18 jogos) e ganhou o apelido de I ciucciarelli - os burrinhos, que brincava com o então escudo do time, que mostrava um cavalo. Após subir pela primeira vez para a Série A na temporada 28/29, o Napoli assumiu o burrinho como mascote, motivo pelo qual ainda é chamado de O Ciuccio, pois tem a força e a resistência que são símbolos do povo napolitano.

Foram nos anos 30 a melhor fase do time no pré-segunda guerra mundial, quando esteve sempre na primeira divisão e quando se destacou o imigrante paraguaio Atilio Sallustro, primeiro jogador do Napoli a ser convocado para a Azzurra. Sallsutro, que tirava dinheiro do bolso para ajudar o time, sem contar os gols que fazia, como fez os 18 gols que levaram o Napoli à Copa Mitropa, então maior competição européia da época. Na temporada 32/33, a primeira grande dupla napolitana se formou: Sallustro e Vojak, um croata naturalizado italiano que era um super-goleador. Foram mais de 10 anos de excelentes campanhas, até que em 42/43, o time cai para a Série B. Seriam 2 temporadas de espera, já que o campeonato italiano foi suspenso por causa da Segunda Guerra Mundial.

Após voltar à primeira e cair para a Série B por questões legais, o Napoli teve um novo bom período durante a década de 50, com jogadores como o sueco Jeppson, o italiano Pesaola e o brasileiro Luís Vinicio, com quem Jeppson fez a lendária dupla HV, que impôs várias goleadas a seus adversários, assim como quando Vinicio fez dupla com outro brasileiro, Del Vecchio.

Mesmo na Série B, o Napoli ganhou seu primeiro título nacional: a Copa da Itália de 1962, três anos depois da inauguração do Estádio San Paolo, a casa napolitana, assim nomeado pela lenda que São Paulo é padroeiro da localidade de Fuorigrotta, onde fica o estádio.

A Copa da Itália foi vencida após o Napoli derrotar o Spal, de Ferrara, na final e depois de ter eliminado Mantova, Roma, Torino, Sampdoria e Alesandria. Até hoje, o Napoli é o único time a ter ganho o torneio estando na segunda divisão na época da conquista, tendo em campo um brasileiro, Faustino Canè, vindo do Olaria carioca. Dois anos depois, o nome novamente foi alterado, dessa vez para Società Sportiva Calcio Napoli.

Na temporada 65, o Napoli subiu novamente, prevendo o que viriam a ser os primeiros tempos mais gloriosos da história do time, tendo em sua esquadra dois "oriundi": o brasileiro Altafini (o Mazola, ex-Palmeiras e seleção brasileira) e o argentino Sívori. Desde essa temporada, o Napoli não cairia mais até 1998.

Pelo contrário. Além de excelentes campanhas, onde contou com a ajuda dos brasileiros Angelo Sormani, chamado pelos napolitanos de "Pelé branco" e Sérgio Clerice, ganhou outra Copa Itália (a da temporada 75/76), onde, com os heróis Beppe Savoldi e Juliano, o Napoli venceu na final o Verona, depois de eliminar Fiorentina, Milan, Sampdoria, Cesena, Foggia, Reggiana e Palermo. Mas como se dizia em Nápoles, a palavra "scudetto" era apenas uma quimera, algo inatingível.

Até que no início dos anos 80, dando continuidade à sua tradição de ter jogadores estrangeiros, o Napoli trouxe Ruud Krol, um dos cérebros da histórica seleção holandesa das Copas de 74 e 78. Na temporada de 80/81, após um grande terremoto que destruiu parte de Nápoles (Terremoto dell'Irpinia) e matou mais de duas mil pessoas, o time se superou e acabou o torneio num excepecional terceiro lugar.

Eis que em maio de 84, após as saídas de Krol e do brasileiro Dirceu, os jornais anunciaram que o Napoli traria do Barcelona simplesmente Diego Maradona. A cidade não acreditava que era verdade, mas, quando em julho do mesmo ano Maradona foi apresentado, a cidade entrou em êxtase. E a passagem do argentino pelos "burrinhos" mereceria por si só um texto exclusivo. Na temporada 1986/87, o que muitos consideravam apenas um sonho e mesmo assim, um sonho que esbarrava no impensável, aconteceu: o Napoli era campeão italiano pela primeira vez. E no mesmo ano, o time ganhou a Copa da Itália, com três jogadores azuis na liderança da artilharia: Giordano, com 10 gols, Maradona, com 7 e Carnevale, com 5.




Time campeão italiano 1986/87
em cima: Bruscolotti, Bigliardi, Di Fusco, Garella, Carnevale, Filardi; fila do meio: Ferrara, De Napoli, Carannante, Volpecina, Bagni, Ferrario, Sola, Renica; fila de baixo: Muro, Celestini, Maradona, o técnico Otavio Bianchi, Caffarelli, Giordano, Puzone.

Em 1989, já com os brasileiros Careca e Alemão no time, o Napoli disputou e ganhou a Copa da UEFA, vencendo PAOK Salônica (Grécia), Lokomotive Leipzig (então da Alemanha Oriental), Bordeaux (França), Juventus (Itália), Bayern de Munique (então da Alemanha Ocidental) e Stuttgart (também da então Alemanha Ocidental) na final. Também em 89/90, o Napoli ganhou seu segundo título italiano. O sonho do scudetto, como Maradona e Careca, virava cada vez mais realidade.

Na Copa da Itália, em 9o, Nápoles foi a única sede em que o hino argentino não foi vaiado, em homenagem a Maradona. Mas a decadência de Maradona estava começando e se agravou no início dos anos 90. Envolvido com drogas e suspenso do futebol italiano por uso de cocaína, Diego deixou o Napoli, que mesmo após ter ganho a Supercopa Italiana (ainda com El Pibe), entrou em franco declínio financeiro e esportivo.

Em 1998, após uma temporada catastrófica e graças à uma diretoria incompetente, o time caiu de novo, mais de 30 anos depois do último acesso. O time voltou em 2000, mas caiu em 2001, neste que seria o início de século trágico para os Partenopei: em agosto de 2004, com uma dívida que ultrapassava os 90 milhões de euro, o Napoli é considerado falido e fecha. Uma semana depois, o magnata do cinema
Aurelio De Laurentiis fundou o Napoli Soccer, criado para dar à população a certeza que a cidade não ficaria sem time de futebol.

O time foi inscrito na Série C1, onde ficou até a temporada seguinte, quando ganhou a promoção. Em momentos de grande emoção, o torcida lotava o San Paolo, com médias de público, em plena 3ª divisão, maiores que times grandes da primeira divisão. A ótima campanha na Copa da Itália 05/06 (onde foi eliminado apenas nas oitavas pela Roma) é o definitivo sinal de renascimento dos azzurri.

Ano passado, após retomar o nome Società Sportiva Calcio Napoli, o time entrou com tudo na Série B e acabou por conquistar o acesso à Série A, num momento que já é da história do futebol mundial.

Curiosidades:

- há uma controvérsia sobre a origem do apelido Partenopei: há quem diga que é derivado do nome da primeira ópera cômica do alemão George Händel. Há quem afirme que vem da mitologia grega: Parténope era a mais jovens das sereias que tentou seduzir Ulisses na obra épica "Odisséia". Como não conseguiu, dissolveu-se no mar e formou a baía de Nápoles, que os gregos passaram a chamar de Nea Polis (a "nova cidade").

- após a saída de Maradona, a diretoria do Napoli aposentou a camisa 10.

- além do San Paolo, o Napoli teve três outras casas: o Estádio Alberico Albricci (hoje usado para campeonatos militares e torneios de rúgbi), o Estádio Giorgio Ascarelli/Partenopeo (que foi sede de dois jogos na Copa de 34 e que foi destruído por bombardeios na Segunda Guerra Mundial) e o Estádio Arturo Collana, dentro de um complexo poliesportivo muito importante para o esporte olímpico italiano.


- três patrocinadores são lembrados por quem acompanhava as transmissões do Campeonato Italiano no Brasil na época áurea do Napoli: Cirio (indústria de alimentos em conserva), Buitoni (fábrica de macarrão) e Mars (fábrica de doces e chocolates).

- há um brasileiro no time atual do Napoli: Piá, de 24 anos, que nunca jogou no Brasil, começando a carreira na Atalanta e que comemora seus gols colocando uma máscara de Homem-Aranha.

- brasileiros que já passaram pelo Napoli: Del Vecchio (58-61), Faustino Canè (62-69), Altafini "Mazola" (65-72), Sergio Clerici (73-75), Careca (87-93), Alemão (88-91), Matuzalem (99-2001), Edmundo (2000), Amauri (2001), Robson (2001)

- Títulos do Napoli

Copa da UEFA
1 - 1988/89

Campeonato italiano:
2 - 1986/87 e 1989/90

Copa da Itália
3 - 1961/62, 1975/76 e 1986/87

Supercopa Italiana
1 - 1989/90

Campeonato italiano da Série B
1 - 1949/50

Campeonato italiano da Série C1
1 - 2005/06

sábado, 9 de junho de 2007

Copa América - Mascote

GUAKY

A mascote da Copa América 2007 é "Guaky", uma arara (chamada de Guacamayo na América Latina de língua espanhola) vestindo uma camiseta grená da seleção venezuelana. Em suas asas, com as cores da bandeira da Venezuela, figuram as oito estrelas que também aparecem na bandeira do país.

Copa América - Sedes


Se não houver nenhum decreto contrário de um amalucado Hugo Chávez, a Copa América 2007 ocorrerá na Venezuela, a partir de 26 de junho. Abaixo, saiba um pouco sobre as cidades-sede do torneio.

Barinas
Origem do nome: barinas é nome de um vento que prenuncia a estação chuvosa na região dos Llanos (rico ecossistema da América do Sul setentrional assemelhado ao Pantanal). O nome vem do povo indígena Barí.

População: 580.000 habitantes

Altitude: 188 metros

Estádio: Agustín Tovar "La Carolina". Homenageia Agustín Tovar Albertis, senador (no início do século 20) e um dos grandes beneméritos da Venezuela. La Carolina é homenagem à sua filha, que Tovar dizia ser a razão de tudo que fazia pelo país.

Principal time local: Zamora Fútbol Club





* * * * * * * * *
Barquisimeto

Origem do nome: situada às margens do rio Turbio, a cidade tem seu nome ligado aos índios irribaren, que a chamavam "variquicimeto", que significa "água de cor cinza"

População: 1.120.000 habitantes

Altitude: 560 metros

Estádio: Estádio Metropolitano de Lara. Lara é o estado do qual a cidade de Barquisimeto é capital e recebeu esse nome em honra ao General Jacinto Lara, um dos heróis militares da Venezuela e um dos principais artífices da independência do país.

Principais times locais: Union de Lara e Guaros







* * * * * * * * *
Caracas
Origem do nome: os aborígenes locais chamavam uma flor, que abundava na região, de "caraca". Dessa flor (na verdade, uma erva - Amaranthus tricolor), da qual se extraía um colorante, chamado amaranto que servia para tingir roupas e dar cor para alguns alimentos. Com o tempo, a própria tribo passou a ser chamada de caracas pelos historiadores.

População: 3.000.000 habitantes

Altitude: 900 metros

Estádio: Estadio Olímpico de la UCV, dentro do complexo esportivo da Universidade Central da Venezuela. Todo o campus da universidade é considerado patrimônio universal da humanidade pela Unesco.

Principal time local: Caracas FC







* * * * * * * * *
Maracaibo
Origem do nome: os indígenas chibcha chamavam o local onde hoje fica a cidade de "Maara-iwo", que significa "rio onde há muitas serpentes". Outra versão diz que o nome veio da palavra "Maare kaye", que significa "de frente para a água"

População: 2.600.000 habitantes

Altitude: 6 metros

Estádio: Estádio Zulia. Maracaibo é capital do estado setentrional de Zulia, cujo nome remete à flor da planta Lobelia erinus, que é cultivada em larga escala em toda a região, inclusive na vizinha Colômbia, conhecida no Brasil como lobélia azulada.

Principal time local: Union Maracaibo






* * * * * * * * *
Maturín

Origem do nome: toma emprestado o nome do chefe dos iarawa, Cacique Maturín. O cacique foi morto durante a colonização espanhola, em 1718. Onde morreu o índio, conta-se que nasceu uma grande árvore, em torno da qual começou a surgir um povoamento.

População: 300.000 habitantes

Altitude: 67 metros

Estádio: Estadio Monumental de Maturín, que depois de pronto será o maior estádio da Venezuela.

Principal time local: Monagas







* * * * * * * * *
Mérida
Origem do nome: a cidade foi nomeada pelo seu fundador, Juan Rodríguez Suárez, natural da cidade espanhola de Mérida, cujo nome vem do latim "emerita", que significa "o que tem mérito".

População: 210.000 habitantes

Altitude: 1.630 metros

Estádio: Estadio Olímpico Metropolitano de Mérida

Principal time local: Estudiantes de Mérida






* * * * * * * * *
Puerto La Cruz
Origem do nome: assim que os espanhóis chegaram à Venezuela, fundaram a Missão Cristã de Pozuelos. Alguns anos depois, imigrantes caribenhos desembarcam na missão e constróem a primeira igreja do país e a chamam de "Puerto de la Santa Cruz", que acabou se tornando Puerto La Cruz

População: 210.000 habitantes

Altitude: 64 metros

Estádio: Estádio General José Antonio Anzoátegui, que homenageia outro herói da independência venezuelana. Anzoátegui, inclusive, é o nome do estado em que fica a cidade de Puerto La Cruz. Para a Copa América, o estádio será também chamado de Olímpico Luis Ramos, em homenagem a um dos fundadores da cidade.

Principal time local: Deportivo Anzoátegui








* * * * * * * * *
Puerto Ordaz

Origem do nome: faz menção ao navegador cubano Diego de Ordaz, um dos primeiros a desbravar o interior amazoônico da Venezuela, ultrapassando o Maciço das Guayanas (no Brasil chamado de Planalto das Guianas)

População: 790.000 habitantes (toda a região metropolitana de Ciudad Guayana, que une as cidades de Puerto Ordaz e San Félix)

Altitude: 13 metros

Estádio: Estádio Cachamay, cujo nome oficial é Gino Scarigella, lembrando um juiz que morreu durante um jogo que apitava. Cachamay é um nome indígena caroní que descrevia as espumas feitas pelas quedas do rio Orinoco, que nasce no Planalto das Guianas.

Principal time local: Mineros de Guayana






* * * * * * * * *
San Cristóbal

Origem do nome: fundada pelo militar espanhol Juan Maldonado Ordóñez y Villaquirán, a cidade recebeu esse nome em homenagem à São Cristóvão, santo de preferência de Villaquirán. Curiosamente, o santo padroeiro da cidade é São Sebastião.

População: 400.000 habitantes.

Altitude: 860 metros

Estádio: Polideportivo de Pueblo Nuevo (bairro de San Cristóbal onde ele se localiza), também conhecido como "El Templo Sagrado del fútbol venezolano", por ser sede do time venezuelano mais famoso e de torcida mais fanática.

Principal time local: Deportivo Táchira

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Guadalupe

Desde ontem, dia 6, doze seleções das Américas do Norte e Central disputam a nona edição da Copa Ouro, torneio continental organizado pela Concacaf, mas que já teve Colômbia, Peru, Coréia do Sul, Equador, Brasil e África do Sul como convidados. Em 2007, com sede nos Estados Unidos, a copa tem três grupos de quatro times (só da Concacaf): o A, com Canadá, Costa Rica, Guadalupe e Haiti; o B, com Estados Unidos, Guatemala, Trinidad e Tobago e El Salvador; o C, com México, Honduras, Panamá e Cuba.

Chama a atenção a presença da seleç
ão de Guadalupe, que além de ser pouco conhecida, tem uma curiosa condição: ela é filiada apenas à Concacaf e não à Fifa. Isso cria um fenômeno ainda mais estranho. Já que Guadalupe (uma possessão francesa) não é reconhecida pela Fifa como nação, ela pode abrigar em suas linhas jogadores que atuaram por outras seleções nacionais.

Filiada à Concacaf desde 1964, a Ligue Guadeloupéenne de Football (nome da federação local) organiza um Campeonato Nacional com três divisões. O campeão da temporada 2006/07 foi o Etoile Morne-à-l'Eau, seu sexto título, que lhe deu a hegemonia do futebol guadalupense, já que o Solidarité Scolaire (de Pointe-à-Pitre) tinha também 5 títulos. Além das três divisões, a LGF também coordena a Copa de Guadalupe, cujo maior ganhador é o Racing de Basse Terre, a capital de Guadalupe.

Times locais também participam de torneios entre colônias francesas do Caribe, como a Copa D.O.M. (Départements d'Outre-Mer, Departamentos Ultramarinos) e Coupe des clubs champions
d’Outremer (Copa dos Clubes Campeões de Ultramar), que reúne campeões nacionais de todas as possessões francesas ao redor do mundo.

Na Copa D.O.M, apenas Etoile Morne-à-l'Eau e o Racing de Basse Terre já foram campeões (1 vez cada) , mas na Copa dos Clubes Campeões de Ultramar nunca houve time guadalupenho que tenha sequer chegado às finais.
A seleção (abaixo, com camisa vermelha, o defensor David Fleurival em ação pela Copa Ouro 2007) disputa a maioria dos seus jogos em casa no estádio Saint Claude, em Basse Terre ou no estádio René Serge Nabajoth, em Pointe-à-Pitre.

A experiência internacional da seleção se resume basicamente à jogos contra rivais do Caribe (especialmente contra Martinica) ou da Concacaf. Apenas um amistoso contra o Paraguai, em 89, levou um time fora da região até Guadalupe. Derrota local por 2 a 0. A maior vitória de Guadalupe data de 2001, quando pelas Eliminatórias da Copa do Caribe, venceu as Ilhas Virgens Americanas por 11 a 0. A pior derrota, um 8 a 2 contra Martinica por um amistoso em 1975.

Além de Angloma (que jogou pela França e agora defende Guadalupe, sua terra natal), os grandes jogadores da história de Guadalupe são David Sommeil, que joga no Sheffield United, Loïc Loval, que está no holandês Utrecht, assim como o compatriota Franck Grandel. Importantes jogadores da seleção francesa, como Chimbonda, Thuram e Trésor são nascidos na possessão.

Estádio Saint Claude (Google Earth)

Agradecimentos: Trivela