quarta-feira, 30 de abril de 2008

De onde veio Rogério Ceni, por Menon

Existe um jornalista íntegro e honesto chamado Luís Augusto Símon. Os amigos (e os nem tanto) o chamam de Menon. Discordo de quase todas as suas idéias políticas e muitas das esportivas. Mas o cara é um poço de humanidade e decência. E tem um texto sensacional.

Escreveu abaixo sobre Rogério Ceni em seu blogue.

Eu concordo com tudo.

* * *

EU NÃO ENTENDO a relação de fã-ídolo que jornalistas e até jogadores adversários têm com Rogério Ceni.

Parece que ele é um enviado de Deus para fazer do futebol algo mais qualificado. Ele não é tratado como um jogador e sim como alguém superior.

Ah se fosse o Edmundo a dar um tapa na cara do Valdívia. Sim, porque foi um tapa, um tapa fraco, mas um tapa. A cena correria o mundo, ele seria ameçado de muitas coisas. O banimento do futebol seria o menor. E os jogadores do Palmeiras ficaram quietinhos, conversaram com ele e nada mais. Talvez a situação do jogo (já resolvido) explque tamanha letargia, mas acho mesmo é que os jogadores têm um certo COMPLEXO DE INFERIORIDADE INTELECTUAL em relação à Ceni. Ele fala bem, sabe se expressar, diz obviedades com seriedade, então é diferente de nós. Pode até dar o tapinha que não dói.

Se os jogadores têm um complexo de inferioridade, os jornalistas vêm em Ceni um IGUAL. Jornalista detesta ganhar menos do que jogador. Afinal, jogado não tem a habilidade da escrita e nem facilidade em conjugar verbos. Os que sabem, como Caio, Ceni e outros são DIFERENCIADOS. Então, deles tudo se pode aceitar.

Ninguém questiona Ceni sobre nada. Ninguém pergunta se o frango contra o Palmeiras foi pior do que o frango contra o Inter na Libertadores de 2006. Não precisa falar frango, pode usar outro termo, pode disfarçar, mas a pergunta precisa ser feita. Não perguntarm a Ceni porque ele deu um tapa em Valdivia. Perguntaram o que Valdivia falou para ele. "De Valdivia, não falo. Não vai me acrescentar nada", respondeu o goleiro tricolor. E nada mais lhe foi perguntado.

Um dia, questionei os seus números de gols marcados. "Escreva o que quiser", respondeu. E eu deixei a sala de entrevista. Sou repórter e ele é jogador. É tão simples isso. Parece que muitos não entendem.

Estádio Luzhniki, o palco da final

Com a definição dos ingleses Manchester United e Chelsea como finalistas da UEFA Champions League, é importante conhecer o Estádio Luzhniki, em Moscou, que receberá os dois times.

O estádio, cujo nome completo é Grand Sports Arena of the Luzhniki Olympic Complex (Большая спортивная арена Олимпийского комплекса Лужники), com capacidade aproximada de 85 mil pessoas, fica no Complexo Olímpico de Luzhniki, bairro situado na zona sudeste de Moscou, no distrito de Khamovniki. Idealizado pelos arquitetos Rogozhin, Ullas, Khryakov e Vlasov, construído pelos engenheiros Nasonov, Reznikov e Polikarpov e inaugurado em 1956 dentro da megalomania esportiva do governo soviético, o Complexo era chamado de Central Lenin Stadium e reúne equipamentos para futebol, ginástica, vôlei, basquete, artes marciais, natação, tênis, hóquei e até esqui.

Um dos poucos estádios de ponta na Europa que usa grama artificial -mas usará piso natural no jogo da UCL, o Luzhniki (nome que vem da palavra russa "luga", que significa "várzea alagada", já que a região fica às margens do rio Moscou) é usado mais pelo proprietário, o Torpedo Moscou, atualmente na segunda divisão russa e pelo Spartak Moscou, time mais vitorioso e popular do país.

Aliás, foi em um jogo do Spartak pela Copa da Uefa contra o holandês Haarlem em 1982, que aconteceu uma tragédia na história do estádio Luzhniki. Na época, era proibida a presença de menores de 16 anos em estádios de futebol, a polícia impediu a entrada de muitos torcedores, que, revoltados, forçaram as catracas. Isso redundou num grande conflito, que oficialmente, matou 66 pessoas pisoteadas e esmagadas contra os portões, segundo fontes oficiais. No entanto, há quem afirme que mais de 350 pessoas morreram na trágica ocasião: o ex-tenista Andrei Chesnokov e o antigo dirigente do Spartak Leonid Romanov, que na época tinham dezessete anos e estavam presentes ao estádio dizem que um evento daqueles não poderia ter produzido menos de 200 mortos.

Graças à intervenção do técnico da seleção russa, Guus Hiddink, um jogo entre veteranos do Spartak e do Haarlem teve sua renda revertida às famílias dos mortos.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Sobre Ronaldo

Ninguém tem nada a ver com a vida pessoal do Ronaldo. Só ele e sua família.

Ninguém tem o direito de fazer chacota dele ou dos travestis que ele contratou.

Fim de papo.


domingo, 27 de abril de 2008

Histórico e Obtuso



Estudiantes e Palmeiras se enfrentaram em 2005, mas no Brasil, ninguém ficou sabendo. Procuramos os motivos para o silêncio que esconde uma grande história alviverde


Por Gabriel Brito e Leandro Iamin

6 de agosto de 2005.

No Estádio Jorge Luis Hirsch, em La Plata, um volumoso e entusiasmado público comemora a marcação de um penalty a favor do Estudiantes. Pode ser o empate de uma partida quente, até então com um gol solitário no primeiro tempo. Na linha de fundo, Deola, goleiro do oponente, o Palmeiras, está acuado na frente de uma arquibancada irresponsavelmente próxima ao campo, e diante de Carrusca, com a camisa 10 e pronto para a cobrança na seca e fria noite platense.


O clube brasileiro dirigido por Wilson Macarrão está sob xeque-mate, e, com um grupo jovem, estrelado por atletas como Francis e Thiago Gomes, pode não conseguir reagir a tal revés. Estamos no segundo tempo e buscar um desempate pode ser demasiado perigoso.


Carrusca bate, balança as redes, jogo empatado. Por um segundo. O árbitro Horácio Elizondo apita invasão de campo, sem dar ouvido aos protestos. Ele foi rigoroso. Rigorosidade que só se pede aos árbitros nos grandes jogos. Carrusca de novo. Deola solitário e espremido entre energias rojiblancas. Agora vai.

Carrusca cobra, Deola acerta o canto e defende, e o Palmeiras consegue manter-se na dianteira, num 1x0 bastante truncado, e, de certo, heróico, posto que o clube argentino se aprontava para iniciar o Campeonato Argentino Apertura, no qual foi muito bem, inclusive com rescaldos de sucesso na Libertadores do ano seguinte, quando, mantendo a base, foi eliminado pelo São Paulo, no drama lotérico dos penaltys.


Deola, quando defendeu a penalidade de Carrusca, cumpriu, ainda que sem tal pretensão, uma significativa missão a favor do alviverde, a de, com algum atraso e tomada as devidas proporções, aplicar a revanche pela Final da Libertadores de 1968, feita entre os dois, mas vencida pelo time de Mar del Plata, com Verón e Fucceneco superando os insuperáveis Ademir da Guia e Dudu, numa finalíssima disputada em Montevidéu.


Mas alí não era Libertadores. Nem Sul-americana, nem Mercosul, nem Conmebol. Era uma data festiva, onde o Estudiantes, comemorando seu centenário, convidou as camisas verdes do país vizinho para um flashback, chamou um dos seus maiores adversários na vida para apagar sua centenária vela em grande estilo: testanto a própria força, se propondo a competir em alto nível mesmo quando o dia podia ser de festa diante de um adversário meramente figurante.


É como uma partida de "entregas de faixas". Não se pode perder, pois que senão, fica aquela manchinha, aquele incômodo, o chopp fica aguado, a valsa toca fora de tom, a sinfonia parece ficar inacabada. Por isso, a atmosfera era eruptiva. Um jogo insubstituível, e com momentos de violência, posto que houve uma troca de empurrões em alta altura da cronometragem, e 3 jogadores expulsos. Deu Palmeiras, para satisfação dos garotos e um discreto deleite de diretores de velha-guarda. Los Pinchas, derrotados, foram ainda assim ovacionados pelo público, e com justiça, pois foram honestos ao escolher um clube grande para medir forças em campo, e fidalgos ao tratarem os brasileiros com o máximo de atenção e respeito, do lado de fora do gramado.



Gol do Palmeiras?


No dia seguinte ao jogo, passeando por Buenos Aires logo após o desembarque no país, Gabriel Brito olha uma TV numa lanchonete, e, curioso, observa os lances. Não adianta a paisagem de um país novo: se há uma TV com futebol, é para lá que os olhos juvenis se viram. De pé, Gabriel assiste a Bruninho, lateral direito, tramar jogada pelo meio e passar para Francis, que chuta com violência a gol, contando com um desvio na zaga que encobre o goleiro e termina em gol. Gol do... Palmeiras? A legenda intrigou: "Estudiantes 0x1 Palmeiras". Um dia antes ele estava no Brasil, e podia jurar que o Palmeiras não tinha ido para a Argentina coisa nenhuma. Muito menos em Agosto, no meio do Brasileirão. Rápida apuração, e era aquilo mesmo. Tratava-se do Palmeiras, só faltava entender em quais condições.


Em São Paulo, os jornais se dedicaram a falar sobre o choque-rei da noite. Leandro Iamin devora um dos diários, para ler tudo sobre o Palmeiras e São Paulo de logo mais. O tricolor campeão da Libertadores, na crista da onda, com Amoroso e Lugano, e o Palmeiras analisado com ceticismo, apostando em Gioino e Marcinho. Nos sites e programas de TV, um bom destaque é dado para Emerson Leão, que era técnico do São Paulo, saiu pelos fundos e agora treinava o Verdão.


Naquele dia, no anterior e no posterior, o máximo que alguém conseguiu ver nos periódicos nacionais foi uma ou outra nota, sem foto ou manchete, informando secamente que o Palmeiras-B foi à argentina para participar do Centenário do Estudiantes. Nada pautado com pompa, apenas um jogo, nada mais.


Mas... Palmeiras-B? Os argentinos sabiam disso? “Palmeiras llegó a La Plata con mayoría de juveniles”, afirmou o Diário Hoy, de La Plata. Por lá, a derrota foi para o bom e velho Palmeiras, ainda que com tal ressalva, e Gabriel Brito testemunhou pessoalmente. Já em São Paulo, falou-se todo o possível a respeito de um saboroso 3x3 entre o Verdão e seu eterno inimigo, quando estes venciam por 3x0, e cederam o empate no fim do jogo, num golaço improvável de Warley. Palmeiras-B na Argentina? Por aqui, foi como se o time juvenil tivesse visitado o Qatar em busca de amistosos insossos: passou batido.


Cadê o jogo no jornal?


Na vida de um grande garoto passam muitos trabalhos, muitos amigos, muitas namoradas, pretendentes, experiências, e nem sempre dá tempo de dar a atenção justa a todas estas coisas. Na vida de um grande clube senhor, o mesmo acontece. E o que a imprensa noticia é uma espécie de reflexo disso. Para o factual imediato que alimenta e nina o jornal diário, realmente não parece razoável ir à Argentina ver um amistoso, quando se tem um grande clássico do lado da redação. Ainda assim, tratou-se de um encontro com a história, que o Palmeiras, com "B" ou sem "B", teve a chance de ter. E isso não é pouco. Não nos encontramos com nossa própria história assim tão facilmente.


As últimas grandes matérias feitas por brasileiros em solo argentino foram 3 meses antes desse jogo, e por motivo bem menos nobre do que o flashback do centenário: Leandro Desábato, zagueiro do Quilmes que hoje, por sinal, defende o Estudiantes, estava numa grande encrenca por conta de um lamentável episódio envolvendo racismo e o jogador Grafite, então no São Paulo.


Um caso que foi grave, mas, sobretudo, só se tornou tão mais sensacional porque foi alvo de uma cobertura demasiadamente carregada de adjetivos e exclamações por parte dos brasileiros. Não precisava colocar tantas questões filosóficas, políticas e sociais naquele caso. E pudemos pensar que esse processo de um fato se tornar obscuro ou vir à tona com força e categoria, passa por um caminho um pouco lotérico, um tanto imponderável.


Como se fossem penaltys a se cobrar, e a se defender.


Pesquisando na mídia argentina, encontramos relatos que reforçam as experiências in loco que Gabriel Brito tinha na memória. Assim escreveu o Clarín.


Alrededor de 20.000 personas colmaron el estadio de 1 y 57 para darle colorido y emoción al festejo de los cien años de Estudiantes de La Plata. La ceremonia incluyó premios para varias glorias del club y un partido amistoso (que de amistoso sólo tuvo el nombre) ante el Palmeiras de Brasil.


El partido se jugó tan en serio que Horacio Elizondo, quien dirigió el encuentro, debió expulsar a tres jugadores (Pavone (E), Ortiz (E) y Belem) por juego brusco. El encuentro finalizó 1-0 para el conjunto brasileño y el gol lo marcó Everton a los 25 de la primera etapa.


Sin embargo, la fiesta se vivió antes del partido. Numerosas banderas y bombas de humo de color rojo le dieron marco al ingreso a la cancha de Juan Ramón Verón, el símbolo de aquel equipo conducido tácticamente por Osvaldo Zubeldía que marcó un hito en la historia del fútbol argentino”


O texto do Clarín aponta o zagueiro Belém como expulso pelo Palmeiras. Mas o Diario Hoy de La Plata, em contrapartida, anota o cartão vermelho para Wendel. Com a palavra, o próprio Wendel: “Fui eu mesmo o expulso, mas não foi direto não, foi por dois cartões amarelos”. O Diario Hoy aponta para uma expulsão direta. “Não lembro de lances violentos ou desleais no jogo”, trepida a memória de Wendel, que entrou no segundo tempo e atuou apenas 14 minutos, até ser expulso. Vejamos o que diz o relato da publicação Diário Hoy, de La Plata.



Estudiantes no estuvo futbolisticamente a la altura de la circunstancia. El equipo albirrojo adoleció de juego y perdió ante el Palmeiras, en el partido por los festejos del centenario. Frio y poco fútbol, un cóctel poco atractivo para la gran cantidad de publico que se acercó a presenciar el primer amistoso del equipo de Mostaza.


(...) El once paulista manejó mejor la pelota, especialmente en el primer tiempo, a través de las proyecciones de Bruninho e Francis. Se notó la diferencia entre un equipo con rodaje y en plena competencia y otro que todavía está atado y saliendo de la pretemporada (...) Quizás el dato más importante haya sido que Merlo probó con línea de tres en defesa ante la ausencia del Tucumano. No funcionó del todo bien, porque se notó que el sistema no está trabajado.


(...) Podría haber llegado al empate a través de um penal que ejecutó Carrusca. Primeiro lo convirtió, pero Elizondo lo anuló por invasión de campo. en el segundo intento se lo atajó el arquero paulista (...) El juego se fue degenerando con las expulsiones de Ortiz y Pavone, y aunque posteriormente Palmeiras quedó com diez.”



Aos garotos, a exposição


Wilson escalou um razoável time. Deola, Bruninho, Junior, Vitor Hugo e Everton; Thiago Gomes, Francis, Zé Forte e Marquinho; João Paulo e Tom. Um time em que poucos tiveram efetiva chance no Palmeiras, mas muitos se profissionalizaram com alguma relevância.


Para essa garotada, a conexão desse jogo com a Final de 1968 era muito distante. Wendel se recorda. "Alguns diretores que foram conosco na viagem nos contaram do passado do jogo e ficaram felizes quando ganhamos". É natural que um jogo internacional, aos olhos de um garoto, seja valioso, e por muitos motivos. A vida dele está começando, o futebol está apontando o futuro para ele. E ele é que não vai ficar apegado aos anos do passado distante. A realidade mostra que o capitão da Seleção Brasileira nada sabe sobre a Final da Copa de 58, e trata-se de uma falha cultural consumada na comunidade dos boleiros. Porque um atleta do Palmeiras-B se emocionaria com uma Final de 1968?


Quem viveu, se emocionou. Chico Primo, conselheiro que foi chefe da delegação na viagem à Argentina, conta com carinho da ocasião, bem como da trajetória verde como um todo na Argentina. “Foi lindo, nosso time ganhar foi belo porque o argentino respeita muito a gente, sabe por quê? É que uma vez o Di Stéfano e o time misto de River Plate e Boca Juniors usou nosso uniforme, e isso é poesia para os ouvidos deles. Não tem como não ficar feliz com uma vitória daquela.”


Chico se referiu a um jogo no ano de 1948, em que o Palmeiras cedeu os uniformes para um combinado de River Plate e Boca Juniors, quando se marcou uma partida amistosa dos dois contra a Seleção Paulista. Jogadores de um não vestiriam a camisa do outro, e a solução foi usar a camisa verde.


Esse tipo de saudosismo saboroso que Chico Primo destila em altas doses atinge, de um jeito ou outro, a cabeça da garotada, mas sequer divide a hierarquia de prioridades deles. "A gente sabia da responsabilidade e via a importância daquilo, mas o jogo era importante para nós porque buscávamos ser vistos pelos olheiros e ser bem falados pelos diretores. Estávamos no B e tínhamos que mostrar serviço, além do prêmio pela vitória, que era bom", revela Wendel, que, mesmo desastrado na Argentina, subiu ao time principal, poucas estações depois. Segundo Chico Primo, o clube recebeu 20 mil dólares pela partida, e parte disso foi dada aos vencedores da contenda.




A História ofical


O jogo passou pelo tempo de forma discreta, escondido, à sombra. O departamento de história do Palmeiras, inclusive, não considera o jogo como oficial, já que foi feito pelo Palmeiras-B, ainda que, pelos registros do time argentino, não haja tal distinção. Compreensível e coerente registro, embora, sentimentalmente, seja um equívoco. Este jogo foi sim feito pelo Palmeiras, com todas as letras maiúsculas.


Chico Primo, o sagaz representante oficial da direção do Palmeiras na viagem,

É um compulsivo e quase folclórico contador de histórias. No entanto, sua riqueza de detalhes e suas participações quase onipresentes nos acontecimentos que relata nos pediram algumas verificações na história oficial da viagem.


Ele conta que na saída do Jorge Luis Hirsch, conhecido como "1 y 57" (nome da Rua e número do estádio albirrojo), algo inusitado deu aos brasileiros a dimensão daquele evento para La Plata. Torcedores do rival Gimnasia simplesmente apareceram na festa em que obviamente não foram chamados, e quiseram azedar o bolo de Los Pinchas. As duas barras inimigas respingaram violência até na jovem e inocente delegação palmeirense, que sofreu para deixar a cancha. "Sobrou pra mim que tomei uma varada de bambu na cabeça, saindo do estádio em uma praça. Aquela confusão pegou todo mundo desprevenido", conta Chico.


Relatos de torcedores afirmam que cerca de 6 mil torcedores ficaram em frente ao estádio, após o jogo, esperando dar meia-noite para festejar de novo. Não encontramos registros acerca deste confronto com a torcida rival, mas, se Chico conta, algo aconteceu, mesmo que com os descontos dos deslizes de memória. Primo nos contou, por exemplo, que o gol da vitória foi marcado por Everton, e que Zé Forte não tinha viajado com a delegação (quando foi perguntado se procedia a informação de que o atleta havia sido desligado do Palmeiras nessa viagem, por chegar embriagado ao hotel). E, na verdade, o gol foi de Francis, e Zé Forte não só estava presente, como foi titular da equipe.


Quanto à embriaguez de Zé Forte, nada se comprovou, e pouco se insistiu na apuração. Desimportâncias.


Naturalmente que, no final das contas, Estudiantes e Palmeiras disputaram um amistoso. Não foi a coisa mais importante da vida do Palmeiras. Não foi o maior pesadelo dos 100 anos do Estudiantes. Na seqüência, o alviverde fez uma rigorosa serie de partidas pelo Brasileirão que consagrou uma volumosa reação, culminando na classificação à Libertadores. Los Pinchas conseguiram honrar o ano dourado com um quarto lugar no Campeonato Argentino.

O tempo passou, como sempre, rápido, e no ano seguinte, mal começado, eles já estavam na Libertadores. E a Terra foi girando, jogos foram se sobrepondo. Deola foi emprestado ao Guarani, Pavone foi um dos grandes goleadores no Clausura de 2006. O Palmeiras voltou à Argentina, foi à Rosário, empatou com o Central, e o Estudiantes veio até Goiás eliminar o time calango no Serra Dourada. Não consta que se encontraram em nenhuma viagem.


Não deu tempo. Ninguém teve tempo para sentar e desfrutar desse interessante capítulo da história verde. Se alguém teve tempo, certamente não teve o jornal, bonitinho, ilustrado, em português, para conferir. Ao menos, agora, teremos as letras deste texto.



sábado, 19 de abril de 2008

Campeonato Português

Nesse domingo, dia 19 de abril, no Bandsports, comentarei Porto x Benfica, pelo Campeonato Português, ao vivo, a partir das 16h30.

Conto com a costumeira audiência!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Blog do Maurício Oliveira

Confesso que nunca entrei no blog de Maurício Oliveira, do Lance!, sobre futebol nordestino.

Entrei hoje.

E agradeço ao Maurício pelo uso dos escudos que ele encontrou no Distintivos.com.br (perceptível pelo nome dos arquivos), como os do ASA de Arapiraca, do Bacabal, do Vitória-BA, do América de Natal e do ASSU (RN) que estão na página inicial do blog.

Obrigado, Maurício. Se for possível, credite como fonte o Distintivos.com.br. Eu agradeceria em dobro!

Mata-mata

Acabo de receber um telefonema vindo do Rio de Janeiro.

Em 2009, quando acabam os anos exigidos pela lei para se manter uma mesma fórmula de torneio, acabarão os pontos corridos no Campeonato Brasileiro, por exigência de quem manda de fato, a Rede Globo.

Muitos do Clube dos 13 estão mais do que "convencidos". Se é que entendem as aspas.

Seria o maior retrocesso do futebol brasileiro desde a virada de mesa pós-Sandro Hiroshi.

Seria o enterro que tudo que se construiu até agora no futebol brasileiro.

Espero que minha fonte, que acertou tudo que me passou até agora, esteja equivocada.

Pelo bem do futebol brasileiro.

Goiás 3 x 1 Corinthians

Na chuvosa noite de Goiânia, o Corinthians apresentou um futebol que é exatamente o que o seu torcedor tem que mais temer no ano de 2008. A Copa do Brasil, já diz o detestável clichê, é o caminho mais curto para a Libertadores da América. Por isso, é extremamente importante.

Mas o Corinthians precisa desse título em 2008?

Claro, um título é sempre interessante, ainda mais para um time que busca um renascimento depois de uma mortificante temporada. Mas para o Corinthians, esse gigante, o que realmente importa nesse ano é a Série B. Na verdade, não a Série B em si, mas o obrigatório acesso: ao contrário do que escreveu a Torcida Orquestrada nos muros do Parque São Jorge, obrigação mesmo é subir para a Primeira Divisão. Voltar ao lugar de onde Dualibabás e sinistras mãos pilharam o alvinegro.

E contra o Goiás, um jogo preocupante.

Certo que os esmeraldinos goianos jogaram direitinho, muitíssimo bem montados pelo competente Caio Júnior. Certo também que Paulo Baier (como ornam Paulo Baier e Goiás) foi muito bem e não só pelos dois gols; foi um Caio Júnior dentro de campo, orientando um time que vinha de surpreendente derrota para o Anápolis no estadual e que lutava contra seu próprio cansaço e pessimismo.

Mas o Goiás dominou. Com larga vantagem, dominou com clareza o primeiro tempo.

E é isso que preocupa.

O time paulista, completo, ficou refém de um time bem armado. Com o 0x2, precisou fazer o que não sabe - atacar. Um meio campo débil, já que Diogo Rincón é bom jogador, mas está na Ucrânia em relação ao que se espera dele como articulador de jogadas. André Santos, bom lateral, é um termômetro: mal André Santos, mal o Corinthians. É pouco, muito pouco.

No ataque, o Corinthians é uma tristeza. Dentinho machucado, o alvinegro fica desgraçadamente dependente de Acosta (que ainda não entendeu que não está mais em um time cujo tamanho lhe permite jogar em função dele), Herrera (que corre, se mata, se esfalfa e se refestela; mas é fraquíssimo) e Finazzi (que é só um fazedor de gols, mas nem sempre os faz). No meio, Fabinho é muito bom. Mas Bóvio é muito ruim. E Nilton ainda precisa de jogo.

A defesa, ponto forte do time, mostra falhas quando a dupla (hoje, o trio) não a protege como deve.

E Mano Menezes, que considero uma das grandes promessas do futebol brasileiro, precisa tirar leite de pedra.

Contra o time que indiretamente o rebaixou, o Corinthians mostrou que o caminho é longo. Muito longo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Paul Allen virou cartola nos EUA

No dia 7 de abril de 2008, um novo time surgiu na rica Major League Soccer, a liga estadunidense profissional de futebol (como já largamente sabido, nos Estados Unidos chamado de "soccer"): o Seattle Sounders, time fundado em 2007 mas que ainda não tinha nome definido. De forma impensável até alguns anos, os torcedores do time escolheram, via Internet, Seattle Sounders.



Curiosamente, as opções propostas pelos dirigentes eram bem diferentes: Seattle FC, Seattle Republic e Seattle Alliance; mas os moradores da cidade, acostumados a torcerem pelo Seattle Sounders, um tradicional time local que disputa a primeira divisão da USL (a liga profissional de futebol imediatamente abaixo da MLS, mas sem sistema de acesso), exigiram que o nome fosse o mesmo. O Sounders original disputará sua última temporada em Seattle em 2008, pois lá os times são franquias, como na NBA, por exemplo. Em 2009, o clube irá para Poulsbo, cidade no subúrbio da atual sede.

Falei dos dirigentes do clube. Eles são vários, mas alguns se destacam: Joe Roth (um dos maiores executivos da indústria cinematográfica de Hollywood), Paul Allen (um dos fundadores da Microsoft) e Drew Carey (famoso comediante que apresenta o Whose Line Is It Anyway?, exibido no Brasil pelo canal Sony).

As cores do Seattle Sounders FC ("sounders" vem de Puget Sound, um braço do Oceano Pacífico que banha a baía de Seattle) também foram escolhidos pelos torcedores na Internet. O azul representa, claro, o Pacífico; o verde são as florestas no nordeste dos Estados Unidos, onde fica Seattle; o branco-gelo lembra o Mount Rainier, uma das mais importantes montanhas do estado de Washington.

Já o escudo do time mostra o mais importante monumento de Seattle: a Space Needle, construída em 1962 e que é basicamente uma torre panorâmica de 148 metros de altura, com um restaurante giratório no seu topo (o refinado SkyCity).

Os 11 traços que definiram o escudo do Ajax

O escudo do Ajax começou com o desenho de um jogador do time dentro de um círculo. Na época, o uniforme do time de Amsterdam era formado por camisas listradas em vermelho e branco, além dos calções pretos (as três cores da bandeira da cidade).


Depois, em 1921, quando a faixa vermelha reduziu-se a apenas uma vertical no centro da camisa branca e os calções ficaram igualmente brancos, o pequeno jogador no escudo mudou também.

Foi em 1928 que a cabeça do herói grego Ájax entrou defintivamente no escudo, já que ele aparecia em alguns itens promocionais do jubileu de prata do clube antes disso, em 1925.

O desenho de Ájax durou até 1990, quando foi completamente refeito, desta vez com traços abstratos e uma curiosidade: o desenho é formado por onze traços, que representam os onze jogadores em campo.

Dalai Lama

Sou contra as Olimpíadas na China. O país é uma ditadura sangrenta, corrupta e repressora. O COI fecha os olhos para isso. O Tibete é apenas um sintoma. De um grande câncer.

Hoje à noite, o jornalista Juca Kfouri afirmou que são coisas distintas, já que segundo ele, "o Dalai Lama não é flor que se cheire". Gostaria de saber dele, a quem respeito, o porquê dessa afirmação.

Espero não ter sido um chute.

A mão de Adriano

O São Paulo jogou melhor. Melhor do que nunca jogou na temporada 2008. Fato.

Um gol de mão, aos 11 minutos dm um clássico semifinal derruba a moral de qualquer time. Fato.

Paulo César de Oliveira errou e acovardou-se ao se esconder sob as saias da interpretação. Maria Eliza Barbosa errou e acovardou-se ao se esconder sob as saias do "eu não vi".

Ambos são culpados.

Mas pior é Adriano, que se orgulha da mão na bola, arrogando-se comparar à Maradona. Se orgulha de ter sido desonesto, de ter feito pilantragem, de ter levado vantagem de forma escusa. A diferença entre fazer um gol de mão e assaltar um banco é o tamanho do crime. E questão de oportunidade/necessidade.

E que não me venham com diversionismo, mostrando Adriano tendo sua camisa puxada antes de fazer o gol de mão. Não chamem o povo de trouxa. Não nos chamem de trouxas!!