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domingo, 23 de setembro de 2007

Antilhas Holandesas


Data marcada para acabar

Um país com data marcada para desaparecer. Uma seleção no fim de sua existência. No dia 15 de dezembro de 2008, as Antilhas Holandesas (dependência da Holanda que reúne Curaçao, Bonaire, St. Eustatius, Saba e St. Maarten) deixarão de existir oficialmente. Elas nunca foram uma unanimidade nem mesmo dentro das ilhas que a compõem, que jamais tiveram uma relação harmoniosa com o governo antilhano. Em 1996, Aruba tornou-se independente das Antilhas e se submete apenas à Holanda.

Entre junho de 2000 e abril de 2005, as cinco ilhas fizeram plebiscitos internos que decidiram sobre alguns pontos essenciais nesse status político caribenho: Saba, Bonaire e St. Eustatius decidiram-se tornar municípios holandeses, enquanto Curaçao será um ‘estado associado’, no estilo de Aruba, e St. Maarten buscará a total independência a partir de 2009.

Evidentemente, isso terá impacto no futebol da seleção navu (sigla da federação local que acabou por se tornar apelido do selecionado antilhano) e do âmbito doméstico das Antilhas Holandesas. A Concacaf ainda não decidiu o que fará nas eliminatórias para a Copa de 2010, já que as Antilhas eram, apesar de fracas, muito tradicionais, disputando o torneio qualificatório desde a Copa da Suécia, quando jogou ainda como Curaçao (já que o país passou a ter o nome atual em 1957). Por hora, Antilhas Holandesas consta entre as 35 federações convocadas para as eliminatórias.

Curaçao ganha. Bonaire participa

Sempre muito dependentes do apoio financeiro e logístico da Holanda, as Antilhas Holandesas têm no futebol o esporte mais popular, tanto que desde o início do século 20 existe um campeonato organizado em Curaçao (uma das principais e maiores ilhas). No âmbito local, o completo domínio do Jong Holland, da capital Willemstad, é flagrante, com 15 títulos, dez a mais que o Centro Barber, também da capital. Em Bonaire, existe um torneio desde 1961, com domínio do Estrellas, e, em Aruba, com campeonato desde 1960, quem manda é o Dakota, de Oranjestad, a capital.

Idealizada por Antoin Maduro, dirigente esportivo que dá nome ao segundo maior estádio do país, surge em 1961 a Kopa Antiano, que reúne os primeiros colocados das ligas de Curaçao e Bonaire, sendo que, até 1985, times de Aruba disputaram o campeonato. A Kopa Antiano tem absoluto domínio de times de Curaçao: apenas em 1965 (com o arubenho Racing Club Aruba) e em 1970 (com o Estrella Santa Cruz, também de Aruba) times não-curaçoenses venceram o torneio, que tem no Jong Colombia, de Boca Samí, o maior campeão, com 13 títulos. Já os times de Aruba nunca obtiveram bons resultados, com exceção do Juventus, de Antriol, vice-campeão na temporada 2000/1.

Nesses campeonatos, um nome sempre lembrado é o de Ergilio Hato, apelidado de ‘Zwarte Panter’ (‘Pantera Negra’), um lendário goleiro antilhano nascido em Curaçao e que quase foi contratado pelo Ajax na década de 50, mas recusou a profissionalização, tornando-se um herói do futebol local e até mesmo do nacionalismo curaçoense, que sempre se confunde com a história das Antilhas Holandesas.

Novos nomes

Se, na década de 60, as Antilhas Holandesas venceram os Jogos do Caribe e América Central e foram vice-campeãs na Copa CCCF (precursora da atual Copa Ouro da Concacaf), hoje o futebol nas Antilhas vive fase terrivelmente fraca: a seleção não ganha um jogo oficial da Fifa desde 2004, quando venceu por 3 a 1, em amistoso, a República Dominicana.

Os únicos nomes de algum destaque são Javier Martina, de 20 anos, que joga pelo Ajax (e, normalmente, pelo time B); Ashar Bernardus, de 19 anos, que joga no Jong Colombia; o atacante Rocky Siberie, que joga no Valetta, de Malta; o meia Leon Kantelberg, do holandês VVV; e Angelo Cijntje, que fez carreira no Heerenveen e hoje está no Veendam, ambos da Holanda.

É muito difícil (até inútil) analisar qual o futuro do futebol antilhano. Todos os jogadores acima citados e mesmo os atuais jogadores da seleção são nascidos em Curaçao, o que praticamente assegura que a futura seleção curaçoense terá possibilidade de, pelo menos, disputar torneios continentais. Já Bonaire tem um futuro ainda mais nebuloso, da mesma forma que Saba e St. Eustatius. Certo mesmo, apenas o fim das Antilhas Holandesas.

matéria de minha autoria originalmente publicada na Trivela.


domingo, 9 de setembro de 2007

Luis Baltazar Ramírez



Times alinhados antes do jogo. De azul, El Salvador.
imagem: El Balon Cuscatleco

Estadio Manuel Martinez Valero, Elche, Espanha. Dia 15 de junho de 1982. A Hungria aplica a maior goleada dos Mundiais até então (e até hoje, na verdade), ao vencer El Salvador por 10 a 1. Aos 3 minutos, Nyilasi abriu o placar para os europeus, ampliado aos 10 por Pölöskei, aos 23 por Fazekas. E assim virou o primeiro tempo: 3 x 0 Hungria, resultado até então normal, pois era um jogo que envolvia um time experiente ainda em boa fase (a Hungria) e uma seleção de um pequeno país em sua segunda Copa do Mundo (El Salvador participara também em 1970).

No segundo tempo, os magiares desandaram a fazer gols: Toth, Fazekas, Kiss, Szentes, Kiss, Kiss, Nyilasi completaram a espetacular goleada. E lá, escondido entre o segundo gol de Fazekas e o primeiro de Kiss, um gol de Luis Ramirez, que seria o primeiro e último gol (até hoje) de uma seleção salvadorenha e justamente num jogo com resultado tão desfavorável.

Ramirez, que não começara jogando, era um atacante do Atlético Marte (hoje Marte Quezaltepeque), na época tinha 28 anos. Entrou no lugar de Rugamas aos 27 minutos do primeiro tempo, quando o técnico Mauricio Rodriguez, vendo que o 3 a 0 já colocava seu time em má-situação, resolveu reforçar a dianteira salvadorenha.

O atacante, que mal participara das Eliminatórias (quando El Salvador teve trabalho apenas na fase final) melhorou muito o time, mas foi absolutamente insuficiente diante do ímpeto húngaro: aos 9 minutos da segunda etapa, o placar já mostrava 5 a 0.

Jorge Alberto Gonzalez em ação contra a Hungria
imagem: El Diario De Hoy

Foi quando, numa jogada de Norberto Huezo, Ramirez fez o solitário gol azul. Apesar da goleada, ele virou ídolo em El Salvador. Apelidado "El Pelé", voltou como herói ao país. Mas antes disso, foi titular nos outros dois jogos, em que o time centro-americano não deu vexame: perdeu por 1 x 0 para a Bélgica e por 2 x 0 para a Argentina de Maradona. E pior, a Hungria acabou eliminada.

Hoje, Ramirez é assistente-técnico do Águila, de San Miguel, em El Salvador, time onde ele começo sua carreira.

E ninguém sabe dizer por que aquele jogo foi 10 a 1.