segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Kerlon

Em primeiro lugar: acho injusto chamarem Kerlon de foca. É um jogador de evidente habilidade. Pode ser a "habilidade do macaco" que caracterizou alguns denílsons por aí. Mas pode ser a habilidade produtiva de Garrincha, por exemplo.

Chamar Kerlon de foca é taxar, desde já, um jogador que não sabemos no que vai dar.

Mas o que ele fez ontem, contra o Atlético Mineiro, não se faz.

Não pelo lance de habilidade. Não sou politicamente incorreto de "dar uma pezada" (como disse o sempre desastrado Leão) num jogador que faz isso. Tampouco sou incoerente de defender o futebol-Telê e defenestrar o futebol-Parreira e, ao mesmo tempo, condenar quem joga com arte.

Mas quem já entrou em campo, como jogador amador que seja, há de se identificar com o que estou falando.

Quando você está perdendo um jogo, um clássico, não tem lugar para cabeça-fria. Não tem lugar para contar até dez ou "atravessar o rio antes de xingar a mãe do crocodilo".

Quando Kerlon pegou a bola, no lado da área, fez meia-dúzia de embaixadinhas e começou sua apresentação circense (um fato), estava tentando fazer um gol? Dar um passe?

Ou queria ele exibir sua habilidade superior aos demais, tão incautos e incultos, reles derrotados tomando uma virada do maior rival?

Jogar bonito é uma coisa. Louvável, necessária. O que Kerlon fez, no momento que fez, nas circunstâncias que fez, contra quem fez, foi esportivamente hábil.

E humanamente inábil.


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