Quando os irlandeses do Cork City passaram apertados pelos cipriotas do Apollon Limassol (então favoritos, por ter um time mais rico e com o técnico alemão Bernd Stange, ex-seleção iraquiana, no banco) estava escrito que o Milan ia ser campeão da Europa. A sorte dos rossoneri diante dos sorteios é algo que chega a irritar até o mais tifoso tifoso.
Simbolicamente falando, um time que tem Kaká não precisava de um decadente Estrela Vermelha, que eliminou com facilidade os alviverdes de Cork, em seu caminho rumo à fase de grupos. Podia ser alguma coisa um pouco mais complicada e mesmo assim, não foi fácil. Mas o Milan passou. Afinal, Nikola Žigic não exigiu tanto de uma defesa algo lenta de um time que desde já, contava com um excelente início de campeonato de Seedorf e os gols de Pippo.
E a turma de Ancelotti (contestado antes, contestado agora, a despeito de sua evidente eficiência e louvável, quando dá certo, teimosia) chegou à fase de grupos. Chelsea? Barcelona? Werder Bremen? Internazionale? Manchester United? Não.
No grupo do Milan, Les Mauve et Blanc do Anderlecht, há tanto tempo longe dos holofotes europeus; os kitrinomavri do AEK Atenas, uma surpresa desde a fase anterior, quando eliminaram o rico, mas irregular escocês-lituano Hearts of Midlhothian; o Lille, pequeno na França, nanico na Europa. Ainda assim, não foi fácil para o Milan. Ganhou duas vezes só dos belgas e ainda perdeu fora para os gregos e em casa para os franceses. E ainda assim, acabou em primeiro lugar no grupo.
Oitavas. Os rossoneri enfrentam um apenas animado, Celtic. E ganha numa prorrogação, depois de dois ancelottísticos zero a zeros, graças aos pés de Kaká, melhor jogador do mundo esse ano. Quartas-de-final. Roma (time italiano de futebol mais vistoso da temporada), Manchester United (então praticando o mais bonito futebol dos últimos anos), Chelsea (e seu multimiolinárioivch elencovich)? Para o Milan, caiu o Bayern de Munique, que passou toda a temporada em variadas e cruéis sessões de auto-flagelamento, pulando de um Magath sem identificação a um Hitzfeld menos eficiente. E de novo o Milan passou. Mas passou, pela primeira vez, acertando o jogo, encaixando o que até então eram apenas tentativas.
Chegaram as semifinais. Aí, jogando um futebol dos mais consistentes (essa palavra já virou quase um clichê nos textos futeboleiros), o Milan passou quase como quis por cima do Manchester United, um time que praticou um futebol lindo durante os primeiros meses do ano, mas não resistiu à solidez e ao pragmatismo (outro quase clichê) milanista.
Na final, tudo já foi dito. O Milan levou. Com capacidade e seriedade. Mas com sorte. Para o Milan, sorteios. Para os rivais, azareios.
Um comentário:
Bindi, só discordo quanto a Seedorf. Acho que ele só resolveu jogar bola de março pra cá.
Postar um comentário