segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Juventus!!!



Você corinthiano, flamenguista, são-paulino, palmeirense, vascaíno, colorado, gremista, botafoguense, tricolores cariocas e baianos, santista. Você, que vê seu time entre as 20 maiores torcidas do Brasil, faça um exercício de abstração.


Pense que você não torce junto com mais 3 milhões de pessoas pelas mesmas cores, pelo mesmo amor. Esqueça os títulos fartos, as vitórias inesquecíveis e os craques indiscutíveis que passaram pelo seu time.


Você corinthiano, flamenguista, são-paulino, palmeirense, vascaíno, colorado, gremista, botafoguense, tricolores cariocas e baianos, santista. Você, que vê seu time entre as 20 maiores torcidas do Brasil, faça um exercício de abstração.


Pense que você não torce junto com mais 3 milhões de pessoas pelas mesmas cores, pelo mesmo amor. Esqueça os títulos fartos, as vitórias inesquecíveis e os craques indiscutíveis que passaram pelo seu time.


Vá até seu estádio preferido num dia sem jogo e sente-se nas arquibancadas. Feche os olhos. Tenha consigo a companhia das pombas, dos faxineiros da geral e da sua paixão pelo futebol. Imagine que junto de você, existem outras 500 pessoas no Brasil inteiro. No mundo inteiro.


Pense que você torce para um time cuja torcida tem esse tamanho. Um time que tem títulos esparsos e glórias advindas de vitórias sobre gigantes, um solitário gol de bicicleta. Um clube quase de bairro, que todos dizem amar, mas que poucos realmente sabem onde é o estádio.


Abstraia.


Conseguiu? O que você sentiu?


Pena? Compaixão? Achou graça? Se sentiu ridículo? Então volte para o seu gigante. Ele estará lá, de braços abertos a lhe esperar.


Sentiu prazer? Achou uma sensação esquistamente agradável? Sentiu-se único, diferente? Pronto. Você descobriu o que é torcer para um time pequeno. Agora, você de fato sabe o que é amar o futebol. Amor que é amor sobrevive a tristezas, a vitórias tão raras quanto intensas, a lágrimas carregadas de afeto.


Ontem, domingo, o Clube Atlético Juventus viveu uma de suas manhãs mais gloriosas, mais inesquecíveis, mais inacreditáveis.


Entrei na Rua Javari, o mítico estádio paulistano. Aquele que parece ter parado no tempo do futebol romântico, da bola laranja e das chuteiras pesadas. Dos juízes de preto e das traves quadradas. Dos torcedores de chapéu e das mulheres torcendo seus lencinhos, proibidas de gritar.


Estádio do Nonno, da Nonna. Estádio do time com camisa da Fiorentina e nome da Juventus. Do time do Cotonifício Rodolfo Crespi. Estádio com tribunas pintadas de grená, sem iluminação. Estádio no coração da Mooca, talvez o bairro mais querido de São Paulo, bairro operário, bairro italiano, bairro multinacional, multicultural.


E agora, campeão.


A inacreditável vitória sobre um valoroso Linense deu o título da Copa FPF (cujo nome oficial homenageia os Heróis da Revolução de 32, em esplêndida homenagem) ao time grená, que ganhou vaga para disputar a Copa do Brasil em 2008.


Não ganharemos, provavelmente.


Mas somos tão felizes.


Abstraia. Feche os olhos.


Pelo menos, lhe trará paz.



8 comentários:

Anônimo disse...

parabéns pelo título, mas conte mais sobre o jogo???

Alexandre Anibal disse...

Grande Bindi!

Como disse ontem infelizmente não pude estar com vcs para compartilhar desse momento histórico pro Juventus.

Até onde o celular teve sinal eu liguei pra saber como estava o jogo... somente quando cheguei em SP vi o quão épico havia sido o jogo. Confesso que fiquei com remorso por não ter ido.

Tudo o que vc falou no post é a expressão do amor ao futebol.

Um abraço!

Anônimo disse...

Oi Bindi! Em primeiro lugar parabéns pelo blog e pelos seus textos... Ah! parabéns também pelo "Distintivos". Neste texto você diz que o Juventus tem a camisa da Fiorentina e o nome da Juventus... sei que a intenção era que o time da Moóca tivesse mesmo a camisa roxa como da Fiorentina, mas acabou ficando com um modelo grená, como o do Torino, o arqui-rival da Juve, correto?

mihail disse...

ótimo post bindi!!!

uma vez eu quase levei meus sobrinhos pra assistir um jogo na rua javari, no paulistão, mas acabou chovendo. ainda tenho essa vontade. e o ingresso é barato.

mas uma coisa me chamou a atenção. que eu saiba o uniforme é do torino, e não da fiorentina. certo?

abraço!

Eduardo disse...

Sensacional. Maravilhoso. Delirante. Cativante. Emocionante. Brilhante. Existem pessoas que não dão valor. O Juventus faz parte da História do Futebol. É time tradicional, querido – quando digo isso, falo de mim.

Assisti apenas ao segundo tempo do jogo. A primeira etapa terminou 1 X 1. Até aí, tudo eram flores para o Moleque Travesso. No entanto, nos últimos quarenta e cinco minutos de partida, tudo mudou. Uma mudança de araque.

O Juventus poderia perder de até um gol de diferença para ganhar o título da Copa FPF, na Javari, já que ganhara de 2 X 1 do Linense, em Lins.

Ao começar o segundo tempo, o time de Lins virou o jogo. 2 X 1. Até o último minuto de partida, os escassos torcedores do time da Mooca comemoravam. Pênalti pro Linense. Fausto bate. 3 X 1. Adeus, Copa FPF! Jogadores e torcedores do Linense: “É campeão! É campeão!”. Nada disso!!!

Último segundo de jogo. Jogadores do Juventus desesperados. Apavorados. Perdidos. Bate-rebate, chute de fora da área, desvio dentro dela, a bola vai devagarinho... GOOOOOOOOOOOOL!!! 3 X 2. Tudo havia mudado. Radicalmente. Fim de jogo! JUVENTUS CAMPEÃO!!!

ÉPICO!

Confesso: Simpatizo pelo Juventus. Ao marcar o gol do título, não acreditei, vibrei, comemorei. Mesmo sendo palmeirense.

Luiz Fernando Bindi disse...

Reiterando: o uniforme é da Fiorentina. Um dos fundadores era de Florença.

Anônimo disse...

Esse futebol que vemos na TV nos faz se distanciarmos da parte 'não-burocrática' do futebol. E, muito pelo contrário, assistir jogos de 'ex-grandes' pode dar muito mais prazer. Na parte esquecida do futebol é que percebemos times como Juventus, América-RJ, Bangu, América-MG, Democrata, Guarani, Bahia, Vila Nova etc. Como diz aquela propaganda do Itaú, quanto mais coisas acumulamos mais percebemos o quanto é bom ter aquelas inéditas.

Anônimo disse...

Sou são-paulino e meu segundo time é o América Mineiro, mas fiz questão de atravessar a cidade para ver esse jogo. Não poderia perder. E não perdi!

Pra quem realmente gosta de futebol, uma visita a Rua JAvari é obrigatória... é tudo muito diferente... essa foi a segunda vez que fui ao Conde Rodolfo Crespi...

Ah, e não se esqueça de procurar o senhor dos Canolis, é um barato!
E o vozeirão tb! hahahaha