Neste instante acabo de assistir um jogo de sonho: Ilhas Faroe 1 x 2 Itália, Eliminatórias da Eurocopa 2008. "Sonho de maluco", dirão os 39 leitores desse blogue. Nem tanto, se o maluco for geógrafo, admirar o fubteol de times alternativos e ter uma esquizofrenia de, apesar da ascendência italiana, torcer contra a Itália em favor dos feroeses, que dificilmente não perdem jogos por goleadas.
O jogo, disputado na capital Tórshavn, foi muito fraco até os 30 do primeiro tempo, quando o até então tranqüilo (e um tanto acovardado) 2 a 0 italiano foi diminuído por um gol de Rógvi Jacobsen, o melhor feroês em campo. Depois desse gol, os italianos, que até então estavam cozinhando o resultado, transformou a torcida, fez o time da casa partir para cima (Buffon chegou a fazer duas grandes defesas nos minutos finais do jogo) e trouxe um charme ainda maior para o jogo.
A parte da fraca transmissão (a dupla narrador/comentarista se limitava a fazer comentários jocosos a respeito do tamanho do estádio ou falar que a Itália tetracampeã não podia sofrer tanto diante das Ilhas Faroe), foi divertido assistir ao vivo pela primeira vez uma partida jogada no Tórsvøllur (abaixo), o estádio nacional do país, que tem capacidade para 6 mil pessoas e fica dentro do Complexo de Gundadalur, ao norte da cidade de Tórshavn e que abriga campos de treinamento, ginásios poliesportivos e hospedagem para jogadores que vêm de outras cidades ou países.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as Ilhas Faroe foram importantes estrategicamente, pois ficam muito bem localizadas no Atlântico Norte e por isso, após a invsão nazista na Dinamarca (que tem controle sob as ilhas desde o Tratado de Kiel, em 1814), serviu de base aérea às tropas inglesas, que inclusive construíram o atual aeroporto internacional do país, o Vágar.
Como dito, Faroe é uma província associada à Dinamarca, mas tem grande autonomia política, primeiro-ministro (atualmente, Jóannes Eidesgaard) e parlamento próprios e desde 1948 é considerada semi-independente, sendo que apenas o poder judiciário é de responsabilidade dinamarquesa.
O nome das Ilhas Faroe em faroês (idioma local considerado pelos lingüistas o mais próximo do que falavam os antigos vikings) é Føroyar, que significa "terra das ovelhas", pois a primeira pessoa a relatar chegada às ilhas por volta de 500 d.C., o irlandês Bréanainn of Clonfert (que mais tarde seria canonizado como São Brandão), viu muitas ovelhas pastando e assim nomeou a maior das ilhas.
Já a capital Tórshavn (foto abaixo) , cujo nome significa "o porto de Thór", homenageia o deus nórdico Thór, o deus do trovão e da luz. Com quase 13 mil habitantes, a capital feroesa é considerada uma das mais belas e tranqüilas de toda a Europa segundo análises da ONU.
A seleção nacional das Ilhas Faroe, que hoje jogou com Mikkelsen; Atli Danielsen, Djurhuus, Jón Jacobsen e Óli Johannesen; Borg (Samuelsen), Mikkjal Thomassen, Súni Olsen, Christian Jacobsen e Rógvi Jacobsen; Fløtum (Holst) e comandada por Jógvan Martin Olsen, evidentemente não tem grande currículo no futebol.
O acesso complicado e a pouca comunicação com outros países até o começo dos anos 90 fez com que o futebol feroês fosse pouco desenvolvido. Ainda mais o frio excessivo (as temperaturas médias não passam de 11° C) e a pequena população impedem o crescimento do futebol local, que ainda assim é o primeiro esporte do país, junto do remo e do handebol.
Os únicos títulos já ganhos pela seleção feroesa são os campeonatos de futebol de 1989 e 1991 dos Island Games, uma competição poliesportiva disputada desde 1985 entre várias ilhas ao redor do mundo. Tirando essas vitórias, a biografia de resultados das Ilhas Faroe é, no mínimo, discreta, que incluem de mais importante uma vitória sobre a Áustria (em 1990, por 1 a 0, considerada a maior glória do futebol feroês), uma sobre a Estônia e outra sobre o Canadá, além de vitórias contra Malta, Liechtenstein, Luxemburgo e pequenas ilhas como Órcadas, Shetland e Jersey.
Os principais jogadores feroeses de todos os tempos são o lendário goleiro Knudsen (atualmente no NSÍ Runavík), Abraham Løkin (já aposentado), o goleiro Mikkelsen (atualmente no B36 Tórshavn), Óli Johannesen (que chegou a jogar pelos dinamarqueses do Aarhus e que hoje joga no TB Tvøroyri) e Todi Jónsson (que atualmente joga no dinamarquês Fremad Amager).
Aliás, há raríssimos registros de jogadores das Ilhas Feroe que tenham saído para outros países que não Islândia, Noruega, Dinamarca ou Suécia e realmente se destacado: apenas Claus Jorgensen (hoje nos ingleses do Blackpool), o já citado Knudsen (que jogou no Ayr, da Escócia), Suni Olsen (jogou em 2001 pelo holandês Zwolle) e Ingi Hojsted (que esteve no Arsenal entre 2003 e 2005).
No campeonato nacional, o Formula Deildin, jogado desde 1942, os campeões são:
19 títulos: HB Tórshavn (escudo acima)
16: KÍ Klaksvík
8: B36 Tórshavn
TB Tvøroyri
6: GÍ Gøta
3: B68 Toftir
1: B71 Sandur
ÍF Fuglafjørður
SÍ Sørvagur
VB Vágur
Na Copa Nacional, disputada desde 1955, os campeões são:
26 títulos: HB Tórshavn
6: GÍ Gøta
5: B36 Tórshavn
KÍ Klaksvík
TB Tvøroyri
2: NSÍ Runavík
1: VB Vágur
B71 Sandur
E para supreender a todos, existem brasileiros jogando nas Ilhas Faroe. São eles: Alex dos Santos (no B36 Tórshavn), Alex Troleis (no B68 Toftir), Fabio Vieira, Flávio, Wellington e Clayton (no B71 Sandur) e Anderson Castilho (atual artilheiro do campeonato jogando pelo NSÍ Runavík e irmão de Alex Troleis).
2 comentários:
Olá amigo!
Aqui é o Alex Troleis!
Só queria corrigir uma informacao nessa repotagem, que pra mim está super bem feita!!
Mas eu naum sou irmao do anderson Castilho, o irmao dele se chama Alex Castilho e tbm jogou no B68, só queria deixar esse alozinho aí ok....
Super abraco e feliz Ano Novo!
Alex Troleis - alex@kallnet.fo
Muito interessante esta matéria !!!
Gostaria também de deixar registrado que o ALEXANDRE DA SILVA BRAGA ( Alexandre Agulha - Botafogo / Comebol ) também atua por aquelas terras geladas ... Inclusive já com bastante experiência adquirida na sua passagem pelo futebol da Islândia.
São esse bravos jogadores brasileiros em busca de um novo el dourado .
Abraços !!
Gilson Nasc. Camargo
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