quarta-feira, 30 de abril de 2008

De onde veio Rogério Ceni, por Menon

Existe um jornalista íntegro e honesto chamado Luís Augusto Símon. Os amigos (e os nem tanto) o chamam de Menon. Discordo de quase todas as suas idéias políticas e muitas das esportivas. Mas o cara é um poço de humanidade e decência. E tem um texto sensacional.

Escreveu abaixo sobre Rogério Ceni em seu blogue.

Eu concordo com tudo.

* * *

EU NÃO ENTENDO a relação de fã-ídolo que jornalistas e até jogadores adversários têm com Rogério Ceni.

Parece que ele é um enviado de Deus para fazer do futebol algo mais qualificado. Ele não é tratado como um jogador e sim como alguém superior.

Ah se fosse o Edmundo a dar um tapa na cara do Valdívia. Sim, porque foi um tapa, um tapa fraco, mas um tapa. A cena correria o mundo, ele seria ameçado de muitas coisas. O banimento do futebol seria o menor. E os jogadores do Palmeiras ficaram quietinhos, conversaram com ele e nada mais. Talvez a situação do jogo (já resolvido) explque tamanha letargia, mas acho mesmo é que os jogadores têm um certo COMPLEXO DE INFERIORIDADE INTELECTUAL em relação à Ceni. Ele fala bem, sabe se expressar, diz obviedades com seriedade, então é diferente de nós. Pode até dar o tapinha que não dói.

Se os jogadores têm um complexo de inferioridade, os jornalistas vêm em Ceni um IGUAL. Jornalista detesta ganhar menos do que jogador. Afinal, jogado não tem a habilidade da escrita e nem facilidade em conjugar verbos. Os que sabem, como Caio, Ceni e outros são DIFERENCIADOS. Então, deles tudo se pode aceitar.

Ninguém questiona Ceni sobre nada. Ninguém pergunta se o frango contra o Palmeiras foi pior do que o frango contra o Inter na Libertadores de 2006. Não precisa falar frango, pode usar outro termo, pode disfarçar, mas a pergunta precisa ser feita. Não perguntarm a Ceni porque ele deu um tapa em Valdivia. Perguntaram o que Valdivia falou para ele. "De Valdivia, não falo. Não vai me acrescentar nada", respondeu o goleiro tricolor. E nada mais lhe foi perguntado.

Um dia, questionei os seus números de gols marcados. "Escreva o que quiser", respondeu. E eu deixei a sala de entrevista. Sou repórter e ele é jogador. É tão simples isso. Parece que muitos não entendem.

2 comentários:

Rodrigo Paradella disse...

E aí cara, td certo?

O R. Ceni é um bom goleiro, bate bem falta e bem articulado, mas realmente não dá pra entender porque tratam ele como um dos melhores goleiros da história e praticamente um intelectual do mundo da bola. Essa idolatria de alguns da mídia não tem explicação realmente...


Cara, to começando um blog também, só que voltado para o futebol carioca. Tá no início ainda, são quatro colaboradores, com cada um cobrindo seu time. Estamos em busca de algumas parcerias, acho que seu blog seria um bom parceiro pra gente. O que acha?

Acessa lá, e, se possível, responda. Abraço!


www.ecosdomaraca.blogspot.com

Filipe Lima disse...

Isso é mais ou menos o que acontece com o Marcos, só que por motivos praticamente opostos. Muitas vezes os erros dele são totalmente relevados pela imprensa pelo fato de ele ser uma pessoa simples e simpática aos repórteres.

Parece que o caráter e a personalidade de alguém são mais importantes que o seu trabalho em campo na hora de um julgamento jornalístico, como se o jornalista fosse um julgador de pessoas, não de atletas.

É aquilo: Rogério errou ao bater em Valdívia? Sem dúvida. Nada justifica um ato de violência.
Marcos falhou no jogo contra o Guaratinguetá? Sim, não importa se estava voltando ou não.

O jornalista em geral deve buscar separar pessoa de atleta em qualquer julgamento. Seja para bem ou para mal.

Abraços.