terça-feira, 21 de agosto de 2007

Sri Lanka: Futebol aquém de Taprobana

Em cingalês, idioma oficial do país, Sri Lanka significa ‘Terra Resplandecente’. A seleção de futebol, no entanto, está longe de fazer jus ao nome da nação: nunca teve um sucesso consistente na Ásia, a despeito de algum crescimento nos últimos anos. De 1994 para cá, a Fifa começou a ajudar financeiramente o país, com a instalação de um centro de treinamentos em Colombo e, em agosto de 2007, organizou um curso internacional de treinadoras de futebol, já que o futebol feminino tem alcançado algum sucesso no Sri Lanka.

Esse crescimento se deu principalmente pela criação de campos gramados para a disputa de jogos menores. Até o dinheiro da Fifa entrar, a maioria dos estádio cingaleses eram de terra batida, como o Sugathadasa Stadium, ou eram emprestados do críquete, como o Estádio Ranasinghe Premadasa, onde joga a seleção nacional. Por isso, os jogadores, acostumados a campos de terra, via de regra se complicavam na grama. Até então, o futebol não havia chegado de fato em Taprobana (como o Sri Lanka foi chamado na obra “Os Lusíadas”, de Camões).

Escolas cingalesas de futebol

O futebol chegou ao Sri Lanka no final do século XIX, quando ingleses começaram a jogar críquete no interior do país e, para não serem incomodados pelas crianças que queriam jogar com eles, lhes davam bolas e explicavam alguns rudimentos do futebol.

Colonizado por portugueses e holandeses no início do século XVI, mas principalmente dominado pelos ingleses, o Sri Lanka, antigo Ceilão, naturalmente tem o críquete como esporte mais popular, assim como em toda a Península Índica. Ilha localizada ao sul da Índia, não chega a ser o pior time da Ásia (é a 31ª ranqueada da Fifa entre 46 seleções do continente), já foi campeã de torneio local e suas seleções de base não dão o mesmo vexame das principais: mais de 400 escolas espalhadas pelo Sri Lanka têm no futebol uma das matérias obrigatórias, o que tem sido estratégia comum nos países que desejam popularizar o esporte.

Isso tem trazido alguns frutos, como o meia Karunaratne, de 21 anos, que fez testes em times sul-coreanos, o meia ofensivo Kasun Jayasooriya e os atacantes Chathura Maduranga e Mudusha Peiris. São todos jogadores de razoável qualidade, que se destacam dentro dos padrões cingaleses, que ainda são baixos.

Em busca da unidade nacional

Desde a década de 70, o Sri Lanka vive em guerra civil (que entra e sai de sucessivas tréguas), entre o governo central e os Tigres Tâmeis, movimento separatista que deseja a independência do norte/nordeste do Sri Lanka e a criação do Tamil Eelam, um país que uniria todo o povo tâmil, uma etnia que emigrou da Índia por volta de 1000 a.C.

No âmbito nacional, o futebol do Sri Lanka é organizado em três divisões nacionais, que incluem a região conflagrada. A primeira é a Kit Premier League, que é dividida em dois grupos de seis times, classficando-se os dois primeiros para as semifinais. A segunda divisão (chamada Kit League), também é formada por dois grupos (o campeão de cada segmento sobe para a Premier League) e a terceira é disputada por quantos times quiserem participar, subindo quatro para a Segundona.

Há ainda 47 campeonatos distritais (que são as subdivisões políticas das nove província cingalesas), que reúnem mais de 140 times. Todo ano, de janeiro a julho, com o patrocínio da Holchim, uma gigante do cimento em todo sul da Ásia, é disputada a Copa do Sri Lanka, atualmente chamada Holchim Cup. É uma verdadeira festa do futebol, que conta inclusive com os times grandes do país, especialmente o popularíssimo Ratnam. O torneio faz do pequeno e populoso país um centro unido de paixão pelo futebol, esquecendo por um instante da guerra.

matéria de minha autoria originalmente publica no site Trivela, na seção "Conheça a Seleção"


Um comentário:

  1. sensacional!

    cara, tem acompanhado o sub-17? a seleção do Tadjiquistão conseguiu um resultado incrível! 4 x 3 sobre os Eua..

    abraço bindão!

    parabéns tbm pelo post da Copa Itália.. tem times ali que eu nem lembrava mais, tipo Cremonese...

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